domingo, 11 de dezembro de 2011

Q-u-e-da


já que estava caindo
levantei os braços e desejei postegar a queda
prendi pensamentos de longa duração num fastioso caminho de retorno.
havia inimigos: gravidade, medo da queda e solidão.
desejei ao menos que no fim da queda tivesse navalhas de occam
que me dividisse em pequenas partes de mim mesmo: na simplicidade alegórica da re-construção do que julgaria ser eu.
e investido no pensamento pesado e temporal, cujo relativismo me fez passar trilhares de vidas criando situações, condições e meios,
de repente, expirou o tempo do último suspiro neural e tomei conta da realidade da queda novamente: estava eu, há pouco, perto de mim mesmo: num absoluto escuro, onde apenas a consciência habitava e tomava eco.


e decidi não mais pensar: mas entender a queda, o retorno, a violência de cada 9,98 metros em cada segundo despencado. revi alguns mestres, de branco, abordando lições já gravadas no peito. revi amigos, conquistas, medos e pesadelos.


até que acordei: e já estava em casa.

Um comentário:

Maria Clara disse...

Gostei desse, muitas metafóras e imagens e reflexoes filósicas... parabéns pelo blog :)