domingo, 9 de março de 2014

Pôr-do-sol



uma centenária senhora tecendo crochê na porta da casa enquanto os caminhões apressados levavam poeira a seus pés. cidade pequena, poucas ruas, muitos vizinhos. todos se conheciam. sol se punha, terminava sua arte esquecida. amarrou o que sobrou de fio de lã ao redor da agulha. mais um dia se tinha fim. a cadeira de palha de balanço lhe balançava beliscando-a para não dormir. uma urgente sabedoria in vitro que parecia renovar-se a cada amanhecer. chamavam-na de Literatura. pouca gente sorria como ela. simples, indomável, mas apenas uma senhora esquecida.

sexta-feira, 7 de março de 2014

gases, bombas, rojão, atômica!
em tempos de mísseis voadores atrás de cortina de fumaças
os piegas se reuniram seio-cretamente numa casa colorida
traçaram missão de espalhar pieguice
para anular a chatice nossa de cada dia
a guerra esquisita quo-tidiana

poesia, arte, música brega de apaixonado
literatura, camisa, flores, perfume de criança
são os instrumentos de anulação
equilibrar balança. no já.
combinado!
valendo.
- já!