sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Colores



melou um pouco de tinta amarela no pincel. alguns contornos armavam um cenário ensolarado, de tenacidade juvenil, arbóreo. o verde desenhava bruscos arbustos movimentando-se com o vento. o tempo movia seu quadro, como um empréstimo da realidade à sua fantasia. sorrisos vermelhos indiscretos tomavam espaço, sabotando um encontro de duas almas. seus abraços eram amarrados com fitas azuis. cordões umbilicais cósmicos azuis. numa tela em que não existia imensidão sem vazio, nem vazio sem imensidão.

desenhava no verão de seus olhos.
rascunhos do seu encontro consigo mesmo.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Me-nsag-eM - me

somatórios invariantes
no tempo acumulando tríplices variações
de teu beijo na memória
limiares, distâncias, ajustes,
teu corpo em partes
trânsito de arte
mas um mas sem i
não são dois
tempo se esvaie
tique-taquessssssssssssSss
ssem res posta
posta
ta
uma
men
mensagem
gem
em
mim

semfim

n


não sabia se o barco iria sustentar aquela tempestade. agarrou nas velas esperando que a chuva desse trégua. acreditava que a Lua pudesse interceder por ele. existia três leões no bolso, não podia desperdiçar as coragens encapsuladas em pequenos comprimidos na sua veste. engoliu uma cápsula. ergueu seu cajado, ao céu, rogando uma graça initerrupta, mas o céu não cedeu à natureza de sua súplica. os ventos estavam mais teimosos que sua força de segurar-se nas velas. voou velando ventos viajando varrendo vazio. foi mergulhado pelo mar inconsciente. estava imerso num corpúsculo aninhado de moléculas hidrogenadas. acordou dentro de uma gota. uma enorme gota sua. era uma lágrima de saudade. não mais chorava, assustado, pelo acontecido. apoiado na janela, acordado, mirou a lua, serena. podia ter se afogado, mas estava a salvo

até que viesse outra lembrança. 

sábado, 16 de novembro de 2013

Noite




escutava um vento partindo o tempo em pedaços simétricos. era uma hélice, seis lóbulos, um vento harmonioso. as equações já havia despedido sua presença daquele miúdo ambiente equilibrado. equacionado. esquecido. fingiu abrir a janela querendo ver a lua. existia entraves, caravelas, distâncias. talvez, oceanos. não negava a possibilidade de encontrar-lhe depois que a correnteza sossegasse. era aquela utopia genérica, exigência de existências, crivos de filtros utópicos. irreal. ele precisava esperar a noite ir.

escreveu.

domingo, 1 de setembro de 2013

S


Tem certas horas que algumas coisas definitivamente não fazem sentido. E, absorto nessa análise, finalmente encontro meus próprios defeitos.

É como se a máquina criadora de justificativas parasse. E notasse-se o que falta para que exista Humildade de Francisco, Destemor de Gandhi e Abnegação de Teresa.

A única regra é que não dá para exigir que os outros ao redor tenham o mesmo objetivo. O que resta é tentar... eliminar os defeitos para que essas coisas comecem a fazer sentido... Por favor... Sentido... Sentir...