segunda-feira, 14 de abril de 2014

Foi só um sonho...


Amanheceu
fez Luz no palco, cores, sons, Imagens
aquela música nossa de Cada dia
você me Entendia
teu beijo sereno recuava meu medo
prum lugar que ele nunca teria vindo

abraçados, o calor do meu coração
te abraçava também
nós
nóis
a-tados
foi só um mágico sonho
foi só
foi
será?

domingo, 9 de março de 2014

Pôr-do-sol



uma centenária senhora tecendo crochê na porta da casa enquanto os caminhões apressados levavam poeira a seus pés. cidade pequena, poucas ruas, muitos vizinhos. todos se conheciam. sol se punha, terminava sua arte esquecida. amarrou o que sobrou de fio de lã ao redor da agulha. mais um dia se tinha fim. a cadeira de palha de balanço lhe balançava beliscando-a para não dormir. uma urgente sabedoria in vitro que parecia renovar-se a cada amanhecer. chamavam-na de Literatura. pouca gente sorria como ela. simples, indomável, mas apenas uma senhora esquecida.

sexta-feira, 7 de março de 2014

gases, bombas, rojão, atômica!
em tempos de mísseis voadores atrás de cortina de fumaças
os piegas se reuniram seio-cretamente numa casa colorida
traçaram missão de espalhar pieguice
para anular a chatice nossa de cada dia
a guerra esquisita quo-tidiana

poesia, arte, música brega de apaixonado
literatura, camisa, flores, perfume de criança
são os instrumentos de anulação
equilibrar balança. no já.
combinado!
valendo.
- já!

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

existir



pegou uma régua. uma infinita dimensão lhe cabia o desenho. traçou linear reta e separou dois semilados infinitos de verdades. ali era o eixo onde já podia equiparar monstros e seres celestes. verdades e inquisições. apercebeu-se das estrelas, invisíveis, que costumavam brilhar formando outras retas, tão importante quanto, espontâneas, infinitas. pegou a borracha; se apagou. já não existia criador nem a criatura, apenas a reta e todos os seres. despertou. o incenso ainda queimava 1/3 da vareta.