domingo, 9 de março de 2014

Pôr-do-sol



uma centenária senhora tecendo crochê na porta da casa enquanto os caminhões apressados levavam poeira a seus pés. cidade pequena, poucas ruas, muitos vizinhos. todos se conheciam. sol se punha, terminava sua arte esquecida. amarrou o que sobrou de fio de lã ao redor da agulha. mais um dia se tinha fim. a cadeira de palha de balanço lhe balançava beliscando-a para não dormir. uma urgente sabedoria in vitro que parecia renovar-se a cada amanhecer. chamavam-na de Literatura. pouca gente sorria como ela. simples, indomável, mas apenas uma senhora esquecida.

Nenhum comentário: